quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Vice-governador Pessuti já foi cobrador de ônibus em Curitiba


Do blog do Esmael Morais

No longínquo ano de 1971, embarcaram num ônibus em Jardim Alegre, no Vale do Ivaí, Norte do Paraná, dezesseis moleques oriundos da roça rumo a Curitiba. O objetivo do grupo de “caipiras” era chegar na capital para trabalhar e estudar, afinal, naquela, época a grana era muito curta, escassa mesmo, para só frequentar os bancos escolares.

Numa rápida parada em Faxinal, também na mesma região, entrou na jardineira José Carlos Bastiani, que se juntou a Orlando Pessuti e João Feio. Todos eles tinham perto de 17 anos. A maioria sempre trabalhou na enxada, desde pequeno.

Chegando na capital, Bastiani foi estudar; Pessuti foi trabalhar de cobrador de ônibus e estudar; e João Feio encarou um trampo de garçom no Graciosa Country Clube (na verdade era um serviço de lavar copo).

Quando veio morar em Curitiba, antes de se instalar na Casa do Estudante Universitário (CEU), Pessuti morou com dona Sebastiana Almeida Pina, que foi sogra do ministro Reinold Stephannes por 34 anos.

Há 39 anos, o então estudante Pessuti labutou na empresa do ex-deputado Erondy Silvério, morto em 2005, de quem seria colega na Assembleia onze anos mais tarde. Foi cobrador de ônibus. Casou-se com dona Regina Fischer, mãe de Moisés, Bruno e Felipe.

Em 1982, Pessuti formou-se veterinário e elegeu-se deputado estadual pelo PMDB e João Feio tornou-se chefe de gabinete do amigo. Nesse mesmo ano, Bastiani, já advogado, venceu a eleição de prefeito em Faxinal.

Eleito para cinco mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa, Orlando Pessuti candidatou-se na chapa de Roberto Requião em 2002 no cargo de vice. Foi eleito. Em 2006, foi reeleito.

Sem herança

Por que comento a origem de Pessuti nesta quarta? Ora, para que o leitor tenha claro que o peemedebista não herdou fortunas ou a influência política de parentes famosos. A exemplo do presidente Lula e de tantos brasileiros que tiveram que lutar para vencer na vida, o atual vice-governador comeu o pão que o diabo amassou para chegar onde chegou.

“A única herança que o Pessuti recebeu foi o enterro do pai, seu Natal, que teve que pagar”, revelou ao blog com os olhos marejados um amigo antigo da família.

Natal Pessuti, o pai do vice, era pequeno agricultor e presidia o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Jardim Alegre.

Esta é diferença básica entre quem precisou suar a camisa para conquistar uma posição de destaque e quem recebeu tudo de mão beijada.

Quem não passou pelas agruras naturais da vida, objetivamente, não tem sensibilidade social, nem sabe o que é o sofrimento das famílias paranaenses e brasileiras.

Resumo da ópera: bacana gosta só de bacana; trabalhador pensa como trabalhador.

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